Um dos esportes mais completos da era moderna é, sem dúvida alguma o triathlon. Seu próprio nome já mostra o quanto a modalidade exige de seus praticantes, sendo oriundo de uma palavra grega que, em linhas gerais, quer dizer “um evento atlético composto por três modalidades”. Nos dias de hoje, o esporte é composto por natação, corrida e ciclismo.
Claro que, por ser tão completo, exige uma alta quantidade de horas de treinamento o que, por tabela, acaba extenuando o corpo humano. Em casos mais graves, acaba gerando lesões que precisam ser acompanhadas por médicos ortopedistas. Cada uma das modalidades apresenta lesões específicas e que precisam de cuidados segmentados para não comprometer a saúde e o desempenho dos atletas.
Um dos estudos mais completos para se analisar as lesões desse esporte ficaram por conta das pesquisas de Cipriani, Swarz e Hodgson, de 1998. Apesar da idade já avançada do estudo, ele já foi revisto e melhorado, sendo a principal referência sobre o assunto. Outros estudos, como os de Egermann (2003) e Bertola (2014) também fizeram revisões sobre essa literatura específica e alcançaram resultados parecidos com o pioneiro estudo da década retrasada.
E os resultados mais significativos foram os seguintes:
Já Bertola (2014) cita que os atletas que relataram tempo de prática entre 3 a 6 anos (20%), frequência de formação de 5 dias por semana (48%), pelo menos uma lesão durante os treinamentos (76%). A prevalência de lesões de acordo com a categoria de esportes foi: em corrida (79%), ciclismo (16%) e natação (5%). A região mais lesionada durante o treinamento (39%) e da competição (46%) foi a panturrilha. As atletas femininas relataram 92% das lesões durante o treino e 35% dessas lesões estavam em tornozelo e pé. Durante a competição apenas dois atletas tiveram lesões relatadas. A lesão muscular foi o mais prevalente (54%) entre os atletas do sexo masculino, seguido de tendão (19%), ligamento (17%) e osso (9%). Entre os atletas do sexo feminino as lesões prevalentes foram os seguintes: 32% do músculo, osso 32%, 32% tendão e apenas 4% lesões ligamentares.(JUNIOR, Manoel Marques da Silva)¹[1]
Outro problema que acontece com esses atletas de alto rendimento é o famoso overtraining. Essa condição é extremamente prejudicial ao corpo humano, já que consiste em uma situação onde o praticamente do exercício físico faz mais atividade do que o seu corpo suporta, comprometendo o período de recuperação e deixando seu organismo mais vulnerável às lesões. Uma dieta desregrada e a falta de um bom sono também contribuem para piorar o quadro.
Natação
Entre os principais problemas que afligem os atletas de natação, podemos citar os seguintes:
Tendinite nos Bíceps: acontece, muitas vezes, por conta do desequilíbrio muscular entre os músculos conhecidos como rotadores. O resultado desse problema é uma inflação ao longo do tendão do braço que acaba em uma dor bastante incômoda e uma hipersensibilidade na área do músculo.
“Ombro de Nadador”: trata-se da lesão mais comum do esporte. Ela ocorre por uma inflamação no tendão do supraespinal e gera um trauma na região. Os pacientes que possuem esse problema começam a sentir um déficit de força e a doença costuma acontecer graças a uma má postura de treinamentos, excesso de exercícios e a falta de apuração na técnica de natação. A principal maneira de evitar problemas como esse é o fortalecimento dos músculos para a prática da modalidade, ou seja, o tratamento preventivo.
Síndrome do estresse colateral medial: Problema que acontece no joelho dos nadadores, ele está relacionado, na maioria dos casos, aos atletas que nadam peito. Uma má angulação nas pernas, para dar impulso e empurrar a água, acaba gerando uma lesão cumulativa que resulta nessa síndrome. O problema costuma gerar uma dor bastante forte ao paciente e chega a precisar de fisioterapia para voltar ás atividades. É possível trabalhar para evitar a doença melhorando a técnica do nadador e praticando exercícios de força, buscando melhorar o poder muscular das pernas.
Síndrome Patelofemoral: Essa complexa denominação nada mais é do que uma dor bastante incômoda na região da patela do joelho, ou seja, no osso que fica “saltado” nessa articulação. O problema surge devido ao grande stress que algumas atividades podem gerar, como a natação e vários outros esportes. Essa lesão também precisa de acompanhamento médico para ser curada e, em alguns casos, necessita de fisioterapia analgésica, buscando diminuir as dores no local.
Ciclismo
Lombalgias: O problema mais comum para os ciclistas são as dores nas costas que podem acontecer por vários problemas diferentes. Entre as principais causas da lombalgia, vale o destaque para: desvio de postura, desequilíbrio muscular, ajuste ruim do equipamento e o impacto dos terrenos muito acentuados. Para um tratamento adequado é preciso procurar um bom ortopedista para o diagnóstico ser preciso e não tratar o problema de maneira errada. Alongamentos, ajuste nos equipamentos e, em alguns casos, fisioterapia costumam ser os tratamentos corriqueiros para o problema.
Cervicalgia: Também considerada uma dor nas costas, o problema acontece nas vértebras próximas à cabeça. A doença acontece por impactos fortes na região e por manter o pescoço na mesma posição por muito tempo. O tratamento, assim como para a lombalgia, consiste em exercícios localizados para o não comprometimento da movimentação da região.
Ciatalgia: Conhecida, também, pela alcunha de síndrome do piriforme, o problema afeta o nervo ciático dos pacientes. O nervo, que fica na região do quadril e os atletas de triathlon apresentam esse problema devido à uma compressão exagerada da região. A postura na bicicleta, por exemplo, pode contribuir para a patologia. Os tratamentos para o problema consistem em remédios para a dor e fisioterapia no local, para descomprimir o nervo e melhorar a postura do atleta.
Tendinite no Joelho: As articulações dos joelhos são as regiões mais utilizadas pelos ciclistas durantes suas provas e treinamentos. E a patologia mais comum dos praticantes da modalidade é a tendinite. E esse problema surge graças à pedalada errada ou graças a uma sobrecarga na região, como treinamentos excessivos nas subidas. Para evitar que o problema no tendão surja, é preciso ter uma bicicleta ideal para o tamanho do paciente e praticar a pedalada de maneira correta, sem abrir ou fechar muito o joelho. Em casos de problemas, é preciso fazer fisioterapia ou tomar remédios analgésicos, sempre receitados pelo médico ortopedista.
Traumas de Alta Energia: Essa nomenclatura é utilizada no meio médico para descrever os traumas oriundos de acidentes com as bicicletas. E, infelizmente para os praticantes do ciclismo, eles acontecem em várias partes do corpo, como: pés, ombros, coluna, joelhos, tornozelos e braços.
As fraturas podem variar dependendo, claro, do nível do acidente. Utilizar equipamentos de proteção, como capacetes, joelheiras e cotoveleiras podem ajudar na redução dos danos, mas não são garantias de que esse problema não vai acontecer. O ideal é, em caso de acidente, procurar imediatamente um médico ortopedista para que ele analise o nível dos traumas e possa tomar as precauções necessárias para corrigir as lesões.
Corrida
Tendinite de Aquiles: Também conhecida por tendinite do calcâneo, o problema é degenerativo e atinge a região de trás do calcanhar. Trata-se de uma das lesões mais comuns no triathlon e consiste em uma inflamação na região do calcanhar. Caso não tenha o tratamento adequado, pode evoluir para um rompimento total ou parcial do tendão.
Entre as causas mais comuns para o surgimento da enfermidade estão a prática de corrida em subidas, treinamentos excessivos e tensão acima do normal na região. A melhor maneira de tratar o problema consiste em fisioterapia, mas também existem técnicas externas, como laser para cicatrização e aplicação de compressas de gelo.
Fraturas por estresse: Um problema bastante incômodo acontece devido à fadiga e desequilibro muscular, que afetam a absorção do impacto sobre o osso. As fraturas por estresse são pequenas, em geral microscópicas, mas que precisam de atenção e cuidados para não se tornarem fraturas maiores e visíveis em exames de imagem. O excesso de treinamento e o uso de equipamentos, no caso tênis, errados acabam resultando nesse tipo de problema.
Distensão Dos Músculos Adutores: Esses músculos são os responsáveis por ajudar no fechamento da perna, movimento fundamental para os atletas corredores. Entretanto, quando acontece uma “overdose” de exercícios, os músculos se desgastam e podem estirar ou se romper, gerando um problema bastante incômodo ao atleta. O tratamento para esse tipo de problema é bastante simples, envolvendo descanso, remédios analgésicos e, em casos muito graves, fisioterapia. Um médico ortopedista, munido do histórico do paciente e com alguns exames, pode receitar a melhor solução.
Entorse no Tornozelo: A chamada “virada de pé” possui esse nome médico: entorse. Causada por uma falha na pisada, o impacto pode ser forte o suficiente para gerar uma lesão no tornozelo, o que faz com que a corrida do paciente fique comprometida por um tempo. O problema não costuma ser grave, mas em alguns casos pode gerar um grande incômodo e sensibilidade na região.
A entorse precisa ser observada, pelo menos no início, para ter a certeza de que não houve rompimento de nenhum ligamento, sendo “só” a torção a ser tratada. É possível que o médico recomende uma tala para ajudar na sustentação do corpo e a suspensão de atividades físicas até o sumiço da dor e consequente volta da pisada correta. O problema, dificilmente, exige cirurgia.
Joelho de Corredor: Outro problema bastante conhecido dos praticantes de corrida é a síndrome do trato iliotibial ou, como é chamada, "joelho de corredor". Conhecido pela dor bastante persistente, o problema é uma inflamação aguda que provoca dor na região "de fora" do joelho.
A lesão é conhecida por atingir corredores que praticam longas provas, mas também atinge os fundistas. Não se sabe exatamente o porquê de seu surgimento, mas especula-se que um treinamento incorreto e correr em superfícies irregulares contribuam para o surgimento do problema.
Para se livrar do problema é preciso seguir o planejamento do ortopedista, tratando tudo com fisioterapia e melhorar os desequilíbrios musculares do corpo. A volta às atividades é feita de maneira gradativa.
Fasceíte Plantar: Dentro da anatomia do nosso pé existe uma membrana que é a responsável por ajudar na sustentação do corpo, a fáscia plantar. Ela, além de sustentação, recobre a sola do pé do osso do calcanhar até os dedos dos pés e, em casos de práticas esportivas de alta intensidade, acaba inflamando e gerando dor. Esse problema é conhecido como fasceíte plantar e gera um tremendo incômodo aos pacientes.
O estiramento excessivo dessa membrana, aliado a microlesões, resultando na fasceíte. Um médico ortopedista, de posse de todos os exames necessários, conseguirá passar um tratamento simples para que o paciente volte às suas atividades.
A ideia é diminuir a inflamação para ir melhorando o quadro de dor e, aos poucos, fazer o paciente retomar a rotina. Em casos mais extremos, a fisioterapia também é adotada. Remédios para dor e palmilhas também fazem parte do tratamento, dependendo do tipo de pisada do paciente.
[1] http://www.efdeportes.com/efd215/lesoes-no-triathlon-uma-revisao.htm