O que é?
A discinesia de escápula é qualquer tipo de alteração dos movimentos da escápula. Essa, por sua vez, compreende o osso responsável por transmitir energia entre tronco e cintura escapular. Muitas vezes o paciente com a disfunção apresenta anomalias que promovem limitações da articulação do ombro como rotação para o lado oposto, subida excessiva e escápula desprendida da caixa torácica.
Esses movimentos se dão por meio de músculos (romboides, trapézio e serrátil anterior) e pelo osso da clavícula, que liga os membros superiores do tronco. Portanto, qualquer mudança nos movimentos da clavícula pode repercutir diretamente na perda de coordenação da escápula.
Quando a disfunção nesse local é mais grave, quase sempre causada por lesões de nervos, dá-se o nome de escápula alada, já que a anomalia remete a uma asa aberta.
Só nos últimos anos a discinesia de escapula vem recebendo a devida atenção por parte da literatura médica. Ainda não existem muitas pesquisas aprofundadas sobre o tema. O que se sabe é que esse tipo de condição é mais comum do que se imagina, sobretudo em praticantes de atividades esportivas.
Porém, por desconhecimento médico, muitas vezes a alteração na escápula pode receber diagnósticos imprecisos. Fatalmente, em médio prazo, esse subdiagnóstico poderá contribuir para o agravamento da dor no ombro e nas limitações que o paciente irá sofrer.
Quais as causas?
A discinesia de escápula geralmente é causada por desequilíbrio muscular ou funcional. Ou seja, quando há enfraquecimento do músculo serrátil e na parte inferior do trapézio. De forma geral essa fraqueza está diretamente associada à contratura da porção superior do trapézio e do peitoral menor.
Além disso, a disfunção na região escapular também pode ser de ordem neurológica. A chamada escápula alada, muitas vezes se origina de lesões no torácico ou espinal. O paciente acometido por esse tipo de disfunção pode apresentar alterações mais severas na coordenação escapular. São diversas as origens, como decorrente de excessivos traumas, uso de muletas e até por conta de uma síndrome compressiva. Inclusive, nesses casos mais graves, o paciente apresenta disfunções musculares dos mais variados graus.
Outras patologias do ombro também podem originar a alteração dos movimentos da escápula: doenças neuromusculares (distrofia facioescapuloumeral), tumores, fraturas, hérnia de disco, lesões no manguito rotador e luxações podem causar a disfunção.
Qual o grupo de risco?
Qualquer um poderá desenvolver a disfunção durante a vida. Porém, praticantes profissionais e recreativos de atividades físicas como natação e arremesso, estão sujeitos a padecer por esse tipo de alteração de movimentos na escápula.
Isso se deve ao excesso de força despendida pelos membros superiores. Essa sobrecarga poderá acarretar em uma série de lesões do ombro. Caberá ao profissional responsável pela investigação, confirmar ou não o diagnóstico da doença, baseado na modalidade esportiva praticada pelo paciente. Fatalmente atletas de alto rendimento estão mais expostos a esse tipo de padecimento do que o restante da população.
Muitas vezes, esse tipo de anomalia pode refletir na carreira do paciente, já que o ritmo escapulotorácico é fundamental para a prática esportiva.
Sintomas
Dentre todos os sinais da doença, a dor no ombro, principalmente ao redor da escápula, é a mais comum. Os pacientes também se queixam de fraqueza e dificuldade para erguer o braço.
Além da dor no ombro e da perda de força, a pessoa acometida por discinesia de escápula, ou escápula alada, pode sentir formigamentos por toda extensão do braço. A crepitação escapulotorácica, que consiste na presença de estalos na região próxima à escápula, também é bastante relatada.
Diagnóstico
Essa disfunção é de fácil diagnóstico. Por meio de um simples exame clínico ou de imagem é possível identificar a doença.
Tratamento
Existem algumas opções de tratamentos, baseados na gravidade de cada caso. Para desordens funcionais, ou até mesmo em lesões neurológicas diagnosticas precocemente, a reabilitação será feita por meio de fisioterapia convencional. Dessa forma, o paciente poderá trabalhar visando o fortalecimento da musculatura que envolve a região escapular.
Quando o osso está desprendido da caixa torácica, o que pode ser comum para esse tipo de problema, recomenda-se o emprego de uma órtese para o apoio necessário.
Procedimentos cirúrgicos para estabilização são aconselhados apenas em casos mais extremos, geralmente quando envolvem lesões neurológicas, no qual os nervos torácico ou espinal são comprometidos.
A cirurgia recomendada é a de transferências musculares. Esse procedimento geralmente é feito após 12 meses de tratamento conservador infrutífero. A operação consiste na substituição de um músculo lesionado por um normal.
Para os casos secundários, a doença de base deve ser tratada e as lesões corrigidas para o retorno da função normal da escápula.
Em atletas, existem tratamentos que visam a prevenção desse tipo de problema. Nesse caso, a abordagem terapêutica depende do tipo de dinâmica da articulação de cada paciente.