É consenso entre ortopedistas esportivos que a lesão muscular é a mais comum em atletas. De forma geral, acomete grupos musculares inferiores, mas também pode se manifestar nas mais diversas regiões do corpo. Todo atleta, seja a modalidade que for, está suscetível a esse tipo de padecimento.
Ela pode ser causada por dois fatores distintos. O primeiro é o do tipo externo, ou extrínseco, que surge de uma força que vai de encontro a um grupo muscular. Esse trauma, que comumente atinge praticantes de esportes coletivos (futebol, rugby, basquete), dá origem à contusão muscular.
O segundo tipo de lesão é a intrínseca, quando há uma disfunção muscular. Isso acontece, sobretudo, quando um grupo muscular é exposto às sobrecargas ou movimentos repetitivos e extenuantes. Desse esforço dá-se origem o estiramento muscular, bem como a cãibra, ruptura e fadiga muscular. Jogadores de esportes de contato, nadadores, praticantes de triatlo a atletismo em geral são os que mais sofrem com o desgaste muscular.
Como ocorre a lesão?
Esse tipo de padecimento tão comum em atletas ocorre em detrimento de um processo de ruptura das fibras musculares e de tecidos cognitivos como, por exemplo, os vasos sanguíneos. Os músculos mais atingidos costumam ser os das regiões isquiotibiais (posteriores da coxa), quadríceps e gastrocnêmios (posterior e abaixo do joelho).
Mas isso não impede que atletas não sofram com lesões musculares em outras regiões. Lutadores de jiu-jitsu, beisebol, voleibol, natação e tênis comumente se queixam de luxação no ombro, entre outros músculos que formam os tendões do manguito rotador.
Em todos os casos, independentemente da região, o atleta que sofreu com a lesão passa por uma avaliação que vai determinar o grau de comprometimento do grupo muscular acometido. Essa medida pode ser dividida em três tipos distintos.
O tipo I é o mais brando. Consiste no estiramento muscular e, de forma geral, compromete poucas fibras. Consta-se dor quando o paciente contrai ou alonga passivamente o grupo muscular lesionado. Muitas vezes a lesão de tipo I pode apresentar inchaços (edemas) e pequenas hemorragias. O tratamento é do tipo conservador e, por isso, tira o atleta de sua atividade por apenas um pequeno período.
O grau II de lesão muscular em atletas é mais severo, já que causa ruptura parcial das fibras musculares. O movimento causador desse tipo de problema é a contração máxima. Essa lesão acompanha dor moderada, edema, hemorragia significativa e limitações no movimento.
A lesão de grau III é a mais temida, em virtude de sua alta gravidade. Nesses casos, o atleta é totalmente impossibilitado de realizar atividades físicas por um longo período. Haja vista à ruptura total das fibras e, consequentemente, perda total de movimentos. Inclusive, nesse caso, é possível constatar a injúria por meio de exames palpáveis. Há uma grande perda de sangue e a dor é intensa e persistente. O tratamento, na maioria dos casos, é realizado por intervenção cirúrgica.
Tipos de lesões
Existem alguns tipos distintos de lesões como o estiramento muscular, distensão muscular, contusão muscular e disfunção muscular.
Como citado acima, o estiramento geralmente é uma lesão mais branda, quase sempre de grau I. Ele ocorre quando há um rompimento de até 5% das fibras musculares. É a lesão muscular em atletas mais comum, podendo atingir qualquer modalidade esportiva.
Já a distensão muscular se assemelha muito ao estiramento, embora seu agravamento seja maior. De forma geral é uma lesão classificada como grau II, já que pode causar a ruptura de até 50% das fibras musculares. Mas dependendo do comprometimento, também pode ser atribuído como grau I e III. Atletas de alto rendimento como corredores de triatlo, corrida de rua e maratona são os mais acometidos pela distensão muscular. Inclusive, existem problemas muito específicos para quem pratica corridas de longas distâncias. Uma das mais comuns é a síndrome do trato iliotibial, ou joelho de corredor, que causa inflamação e desequilíbrio muscular no paciente.
A contusão muscular ocorre após um choque entre objeto e grupo muscular. No futebol, por exemplo, ela é sucedida após um carrinho mais forte, trombada ou falta mais violenta. Pode ser moderada, leve ou grave, com aparecimento de edemas e de dor intensa. A lesão do ligamento cruzado anterior e posterior são os problemas mais ocasionados por traumas e choques.
Já a cãibra, uma das lesões mais comuns independentemente da modalidade esportiva, é conhecida como disfunção muscular. Apesar de causar dor intensa, esse tipo de problema não afeta a integridade muscular do atleta, pois envolve apenas a contração e não a estrutura das fibras. A contratura muscular é outra injúria por disfunção. Geralmente ocorre após força exagerada, pouco repouso e postura incorreta.
Diagnósticos e tratamentos
Dentro das atividades esportivas, a lesão muscular é a que mais atinge os atletas. Só no futebol, esse tipo de problema é o principal responsável por tirar vários jogadores de suas atividades por tempo indeterminado.
Como uma vida profissional está em jogo, seja qual área de atuação do atleta, todo cuidado é pouco. A constatação da injúria e seu respectivo grau de comprometimento podem ser avaliados a partir de exames pontuais como radiografia, ultrassonografia, tomografia, além de ressonâncias nucleares.
O pronto atendimento faz toda diferença no caso de uma lesão muscular. As primeiras 24 horas são fundamentais para a recuperação do músculo lesionado. Recomenda-se, portanto, que o sangramento seja diminuído por meio de repouso, gelo, compressão e elevação. O uso de analgésicos para alívio da dor é apontado por médico como bastante eficiente.
Os desdobramentos do tratamento dependerão do resultado dos exames. Eles indicarão a gravidade e o tempo de recuperação da lesão que pode ser de até três semanas (aguda) ou mais (crônica).
A melhor prevenção para todos esses tipos de lesões, seja para profissionais ou praticantes amadores, é o alongamento e o fortalecimento muscular, antes e depois da atividade física.