O que é?
A Síndrome do estresse tibial medial é conhecida popularmente como canelite. Ela se trata de uma inflamação e irritação que ocorre no osso da canela, a tíbia, e em seus tendões e músculos, afetando toda a região e causando dor na perna ou, mais especificadamente, na canela – por isso também o nome de canelite.
A inflamação da tíbia é muito comum entre atletas e principalmente entre os corredores ou atletas de triathlon – também chamado de triatlo. Isso acontece por que a canelite costuma estar associada a um uso excessivo e sobrecarga da região ou ainda a movimentos muito repetitivos, que causam o estresse do osso, tendões e músculos localizados na região da canela.
A tíbia é um dos ossos mais importantes na prática do triathlon e outros esportes que envolvem corrida ou impacto, pois é também onde se encontram os músculos responsáveis pelo movimento dos pés e dedos.
A Síndrome do estresse tibial medial é, portanto, uma das lesões mais temidas pelos atletas, por ser também uma condição muito dolorida e delicada, que exige algum tempo de recuperação. Quando a inflamação na tíbia não é devidamente tratada, pode acabar evoluindo para uma fratura por estresse.
Quais as causas?
Já sabemos que a Síndrome do estresse tibial medial é uma inflamação e irritação que atinge a tíbia, osso da canela, e os músculos e tendões que a envolvem. Esse efeito costuma ser provocado por conta de um atrito ou sobrecarga em uma parte da tíbia chamada de borda posteromedial, causando a inflamação do periósteo – uma espécie de membrana que recobre o osso na sua parte frontal, ou seja, na canela.
Esse tipo de atrito ou sobrecarga pode ser causado por uma série de fatores que faz com que o atleta, no caso do triatlo, por exemplo, aplique uma intensidade maior do que a capacidade de seu próprio corpo. O estresse no local pode ocorrer com o aumento da intensidade do treino ou mudanças de piso e ambiente, sem o preparo necessário; índice de massa corpórea fora do ideal; ou outras situações do tipo que aumente a carga do exercício físico abruptamente.
No caso de pessoas que já tiveram canelite, a falta do repouso necessário ou de um tratamento adequado (sempre acompanhado por um médico ortopedista especialista em esportes) podem ser alguns dos principais motivos para reincidência.
Quais são os sintomas?
Na inflamação da tíbia, a dor na perna aparece, geralmente, concentrada na canela, ou seja, na parte frontal da perna. Ela pode ser mais intensa no início ou ao fim dos treinos por conta do acúmulo de sobrecarga, embora possa aparecer também durante o repouso.
Além da dor, são comuns outros sintomas como:
- Sensibilidade na região da canela ou em toda a parte inferior da perna;
- Dificuldade de se movimentar, inclusive para caminhar;
- Dor tardia, ou seja, nas horas seguintes ao exercício;
- Fraqueza nos pés;
- Inchaço na região da canela.
Como é feito o diagnóstico?
Por ter sintomas muito próximos a outras lesões, como a fratura por estresse, por exemplo, o diagnóstico da canelite envolve quase sempre exames complementares, como raio-x, cintilografia óssea, ressonância magnética ou tomografia.
Na persistência da dor, o paciente deve procurar imediatamente por um médico ortopedista e, em caso de atletas, de preferência que seja especialista no esporte praticado. No caso do triathlon, um médico ortopedista especialista no esporte poderá fazer um diagnóstico mais específico por conta de seu conhecimento em relação às lesões no triathlon, além de indicar um tratamento mais adequado e eficiente.
Quais os tratamentos disponíveis?
O tratamento pode variar de acordo com o histórico do paciente, mas costuma ser realizado de maneira conservadora, ou seja, sem cirurgia e por meio de medicamentos, repouso e fisioterapia.
O primeiro passo no tratamento da Síndrome do estresse tibial medial é sempre o repouso absoluto. Nesse primeiro momento, devem ser interrompidas quaisquer atividades físicas e, para o alívio da dor, geralmente são receitados medicamentos anti-inflamatórios e compressas de gelo.
Em alguns dias, com a melhora dos sintomas, o paciente poderá retomar as atividades com a ajuda e acompanhamento do médico ortopedista e de um fisioterapeuta. Para a recuperação total da tíbia, é importante que os exercícios físicos sejam retomados com muito cuidado, primeiro com a ajuda de atividades aeróbicas alternativas – como a bicicleta, natação ou hidroginástica – e sempre também com os devidos alongamentos e aquecimentos necessários antes e após a atividade, que vão ajudar a preparar melhor e a fortalecer os ossos, músculos e tendões das pernas.
O tempo de recuperação total da canelite depende bastante da particularidade de cada caso e cada paciente, inclusive do esporte praticado. Mas, no geral, costuma haver melhora em cerca de três semanas – podendo se estender para um ou dois meses quando há fratura.
O tratamento cirúrgico é apenas indicado em casos mais graves, quando não há melhora por meio do tratamento convencional. Quando for o caso, o paciente deverá conversar com um médico ortopedista de sua confiança a respeito.
Como prevenir?
Apesar de se tratar de uma lesão bastante frequente, há como prevenir a inflamação da tíbia, mesmo entre os praticantes de esportes e atividades físicas. Para isso, o atleta deve se atentar a algumas medidas como:
- Praticar as atividades apenas com o equipamento adequado, incluindo os calçados;
- Preferir, sempre que possível, treinar em superfícies mais macias e que amorteçam melhor os impactos, como na grama, por exemplo;
- Evitar o aumento abrupto da intensidade e volume do treino, sempre procurando realizar uma preparação física antes de qualquer mudança e fazendo o aumento progressivo;
- Respeitar o tempo necessário de repouso do corpo, principalmente quando há dor;
- Fazer o acompanhamento médico regular com a ajuda da medicina esportiva.